Desculpe por querer pagar

Perdoe-me por querer pagar e me desculpe por querer escolher o que comprar.
Como estamos punindo os milhões de consumidores que fazem questão de escolher.

Sim, eu quero pagar. E quero poder escolher. E, por incrível que pareça, isso virou um problema. Entramos num ciclo em que quem valoriza qualidade, quem está disposto a pagar o preço justo por um bom produto ou serviço, passou a ser punido. Não por má fé —  mas por um sistema que abandonou a lógica estratégica e entregou a percepção de valor à guerra de preços.

Neste texto, te convido a caminhar por questões que fazem parte do dia a dia de muitos negócios — temas que a maioria conhece, mas que, ainda assim, parecem difíceis de enfrentar. Precisamos encarar esses pontos de frente para, enfim, romper o looping limitante em que tanta gente está presa.

Vamos analisar como deixamos de lado os fundamentos da economia, do marketing, da administração e da antropologia. E como nos afastamos até mesmo do bom senso — substituindo a inteligência estratégica por atalhos frágeis e imediatistas.

O cenário é claro:

  • Desbalanceamento total do marketing;
  • Silêncio das marcas diante da crise de percepção;
  • Terceirização da imagem para canais de venda;
  • E um desposicionamento comercial generalizado.

O resultado?  

Margens sacrificadas, preços banalizados e um consumidor injustamente punido.

As consequências são graves:

Negócios ameaçados, empregos em risco, queda na qualidade dos produtos e consumidores cada vez mais insatisfeitos.

E o mais preocupante:

O consumidor não pediu para pagar menos.

O giro não depende apenas de preço.

E ninguém pediu por produtos piores.

Como é que deixamos isso acontecer? Eis alguns pontos que ajudaram a desenhar esse cenário:

  1. Quem entende do assunto ficou em silêncio.
  2. A estratégia foi abandonada no meio do caminho.
  3. Muitos gestores passaram a repetir modelos globais sem refletir.
  4. A liderança se fragilizou.
  5. Perdemos força de trabalho porque muita gente se desconectou da realidade do negócio.

Além de tudo isso, esquecemos de servir e atender as pessoas. Deixamos que o preço se tornasse o único critério de valor — reforçado por fórmulas vazias repetidas à exaustão nas redes sociais. Mas a gente sabe que não é assim que se constrói algo de verdade.

E a pergunta que fica é: por que ninguém está dizendo o contrário?

A seguir, vou desenvolver os pontos que mencionei. A ideia é oferecer uma leitura crítica e, principalmente, abrir caminhos para soluções. Porque esse mercado que estamos punindo é o mesmo onde vamos continuar vivendo. Nós, nossos filhos, nossos negócios.